sexta-feira, 28 de novembro de 2008

7 Art

Quais as Sete Artes?

Sendo o Cinema a Sétima Arte, quem nunca se questionou sobre as restantes seis?
Efectuar esta pergunta a alguém associado à área artística, representa enveredar num emaranhado de respostas pouco hegemónicas. Apesar da dificuldade em obter uma resposta satisfatória, um dado é autêntico: o cinema é apelidado de Sétima Arte, pois antes do seu nascimento eram reconhecidas seis artes. Mas quais?

Dos quatro pilares nos quais assenta a cultura humana (Arte, Mística, Filosofia e Ciência), a Arte é muito provavelmente a mais antiga a ser regularmente praticada pela Humanidade. A constatação é verificada entre os animais, quer nos seus cânticos ou inclusive nas peculiares pinturas feitas pelos primatas.

As matérias leccionadas nas escolas medievais eram representadas pelas chamadas Artes Liberais, decompostas em Trívio (Gramática, Retórica e Dialéctica) e Quatrívio (Aritmética, Geometria, Astronomia e Música). Juntas formavam as Sete Artes Liberais. Como é possível constatar, as Artes da Idade Média nada têm a ver com as Sete Artes do Século XX.

As Sete Artes são consideradas a Música, a Dança, a Pintura, a Escultura, a Literatura, o Teatro e o Cinema. Não existe uma hierarquia basilar (apenas o cinema ocupa uma posição conhecida, a Sétima), no entanto cada pessoa pode tentar ordená-las. Para mim a Música é a primeira, pois até no mundo animal ela é executada desde os primórdios. A Dança é praticamente indissociável da Música, logo virá em segundo. Após o aparecimento do Homo Sapiens, como as formas de expressão eram maioritariamente tácteis surgiu a Pintura e a Escultura. Na quinta e sexta posições teremos a Literatura e o Teatro, respectivamente. A Sétima Arte é o Cinema. Olvidar a ordenação das Artes gerou uma estranha e até absurda constatação. A oitava e a nona Artes são respectivamente, a Fotografia e a Banda Desenhada. Como poderá a Fotografia estar após o Cinema, se o Cinema surgiu por curiosidade para dar movimento às fotografias? Será que a ordem não deverá ser cronológica? Será um simples desmazelo da Humanidade, ignorar a disposição das suas Artes?


Aprecio todas as formas de Arte, no entanto o cinema é a minha predilecta – sendo uma Arte jovem, com pouco mais de 100 anos. O cinematógrafo foi inventado pelos irmãos Lumière para dar movimento às coisas paradas. A base realista do Cinema era assim criada. Depois surgiu George Méliès e em função da sua grande imaginação a Sétima Arte tomou um novo rumo, ganhou uma perspectiva ambiciosa. Ele forneceu a base fantasista, sendo o primeiro inventor de ficções cinematográficas. A sua ideia era transformar os sonhos das pessoas em imagens animadas na grande tela. Para completar as três fundamentais fases do Cinema veio Max Linder, que iniciou o cómico. Linder é considerado a primeira Personagem-Carácter do cinema. Charles Chaplin chamou-o várias vezes de Mestre, confessando que foram as películas de Linder que o levaram a fazer os seus próprios filmes. Linder confessou mais tarde de uma forma modesta que foi ele quem aprendeu realmente com Chaplin.

Um bom número de pseudo-intelectuais da tanga afirma que o Cinema em particular e a Arte em geral são tudo aquilo que não possui valor prático. Pois então o que será prático? Vivermos completamente alienados por materialismos absurdos, quais seres néscios olvidando a genuína consistência existencial? A Arte toca-nos a todos pois somos entidades emocionais. A Arte é uma forma de expressar emoções supra pessoalmente. Quem nunca apreciou um determinado filme ou música? Quem nunca contemplou ou viveu um momento sublime e foi atiçado pela vontade de imortalizá-lo?

O pintor espanhol Pablo Picasso expressava que “a Arte varre da Alma o pó do quotidiano”. O Cinema como forma de Arte tem a excepcional capacidade para nos entreter, divertir e distrair da desenfreada Humanidade zombie que se encaminha para o vazio espiritual. Ingressamos numa sala escura, e somos inebriados por todas aquelas imagens e sons, universos quiméricos, mágicos. Aí a verdadeira imagem artística surge dentro de cada um, ela dialoga todo o tempo com o nosso inconsciente. A Arte enriquece espiritualmente. A Arte é a representação do belo, tem a virtuosidade para atingir a alma do espectador, expondo suas paixões, frustrações, desejos, inquietações. Murmura os seus segredos mais íntimos numa linguagem que só ele compreende.

in pasmosfiltrados.blogspot.com